quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

O Poder de Transformação de uma Fé Inalterada (Arquimandrita Tryphon)

Numa época em que muitas denominações cristãs estão tentando parecer relevantes e modernas, estou descobrindo que um grande número de pessoas são atraídas para a Antiga Fé pela barba e pela batina. Sou constantemente agradecido por me vestir assim perante às pessoas que apreciam os símbolos da Fé no meio de um mundo secular. Muitas jurisdições ortodoxas que antes queriam misturar-se com seus vizinhos católicos e protestantes, ao terem o nosso clero rejeitado o tradicional "look" da Ortodoxia, estão agora redescobrindo a sabedoria dessas tradições. Agora que um grande número de clérigos limpos e raspados, modernos e heterodoxos foram desacreditados nas mentes do mundo, devido a lapsos teológicos e morais, há alguma razão lógica para que nós ortodoxos realmente devessemos imitá-los?








Como tantos outros clérigos ortodoxos, também posso atestar o fato de que minha barba e meu modo de vestir são uma grande ajuda para me manter, sendo eu um pecador, constantemente sintonizado com minha vocação de monge e como padre. É difícil esquecer a sua vocação quando está "vestido para o trabalho" a cada hora de cada dia. Nossa aparência é um constante lembrete de que nós, como sacerdotes, fomos separados como Guardiões dos Mistérios e Servos do Altíssimo.

Das minhas observações pessoais, cheguei a acreditar que a Ortodoxia, se é para prosperar no próximo século, deve aderir às antigas tradições e raízes da fé que a diferenciava das demais religiões; ser a Igreja que sempre foi. A Igreja deve proclamar a Boa Nova de Cristo em toda sua pureza, de modo que o núcleo místico e sacramental de seu próprio ser seja claramente visto por um mundo que precisa dessa Fé antiga e imutável. O mundo deve ver pelas nossas diferenças que a Ortodoxia oferece a cura transformacional que vem pela vida da Igreja de Cristo. Ao se apegar à sua antiga tradição inspirada por Deus, a Igreja leva a sério as raízes místicas e sacramentais pelas quais foi divinamente instituída.

À medida que nós ortodoxos nos surpreendemos com a ressurreição fenomenal de nossa Igreja após a crise frente o Comunismo, o que, com as milhares de novas igrejas sendo reabertas, novas construídas e mosteiros crescendo em uma porcentagem fenomenal, veremos que o século XXI bem poderia ser a Era da Ortodoxia. E para que isso aconteça, devemos ser a antítese de tudo o que derrubou o cristianismo ocidental. A responsabilidade deve ser primordial em como operamos como instituições religiosas. Os bispos e os sacerdotes devem ser responsáveis uns pelos outros, as transgressões contra o Corpo de Cristo devem ser rigorosamente erradicadas, e o clero (incluindo nossos bispos) deve servir os outros como servos humildes de Cristo e como ícones vivos da mensagem do Evangelho.

A Igreja Ortodoxa prosperará no século XXI somente se nos comprometermos a sermos pessoas do outro mundo que somos chamados a ser; vivendo no mundo, mas não sendo do mundo. A Igreja irá prosperar, não por se adaptar aos estilos modernos de vestimenta e às tendências modernas do pensamento moral e teológico, mas por sua vontade de servir o mundo em imitação dos Santos Padres da Igreja que se apresentaram antes de nós e que se recusaram a se conformar aos estilos e modas de um mundo que sempre precisou da Fé imutável que tem o poder de transformar vidas, e guiar a raça humana para a comunhão com o Deus Altíssimo.

Amor em Cristo,
Arquimandrita Tryphon.


Tradução: Felipe Rotta.