segunda-feira, 7 de agosto de 2017

O Poder Moral do Santo Príncipe Vladimir (São João Maximovich)

Ele estava entre os primeiros governantes de todas as rússias a se tornar um cristão, e originou a forma de governo cristã para a Rússia. A partir de seu tempo, a soberania russa se torna ortodoxa, e o Cristianismo entra em todas as esferas da vida social e civil.

Ele atuou unicamente como um governante? Suas ações foram destinadas apenas para fins civis? Não, pois ele mostrou ser um verdadeiro cristão e pregou a Cristo não apenas em palavras, mas por seu exemplo pessoal.

Tendo sido criado como um pagão, o Príncipe Vladimir, apesar de ter ouvido falar do Cristianismo ainda quando criança, através de sua avó, Santa Duquesa Olga, ele ainda era um pagão zeloso. Ele cumpriu com sinceridade os rituais pagãos, tentou apaziguar os deuses, trazendo-lhes sacrifícios pelos sucessos, porque estava realmente convencido de que ele era um servo da verdade.

Quando uma multidão kievana matou o viking Feodor e seu filho Ioann, sobre os quais caiu a infelicidade de serem trazidos para o sacrifício ao ídolo Perun em gratidão pelo sucesso da batalha, Vladimir veio a entender que ele estava em um grande erro. Ele sentiu o abismo entre a lei moral e as exigências do paganismo e sua alma abalada sentiu a injustiça. A busca pela verdade levou-o à Ortodoxia e, superando seus obstáculos internos e externos, aceitou o Santo Batismo.





Agora, como um cristão, ele começou a servir a Cristo ainda mais zeloso do que serviu aos deuses pagãos. Ele trouxe todo o seu ser e toda a sua disposição em sacrifício à Verdade, pois o ensino cristão revela a verdade divina e expressa a lei moral mais elevada.

Vladimir mudou depois de seu batismo. Ele preservou suas próprias qualidades ao rejeitar suas inclinações à queda e seus hábitos pecaminosos. Do homem cruel que ele era, não poupando sequer o seu próprio irmão, que foi morto em uma guerra intestina pelo poder, tornou-se tão piedoso que nem sequer queria executar criminosos, empregando esse castigo apenas em raras circunstâncias, pois queria evitar o mal.

De um filho rebelde, ele se tornou casto, abandonou suas ex-esposas e viveu em um honorável casamento cristão com a rainha Anna. De um conquistador predatório, ele se tornou um governante amante da paz. De um corrupto coletor de impostos, tornou-se indiferente aos tesouros deste mundo, preparado para distribuí-los em troca dos valores imateriais. Para as suas forças armadas, ele não se tornou um líder terrível castigando brutalmente as menores infrações, mas um governante sábio, compreendendo as almas de seus súditos e apreciando seus companheiros.

Para o seu povo, ele se tornou um pai amoroso, cuidando de seus muitos filhos, buscando satisfazer suas necessidades.

Ele prestou especial atenção aos desamparados — os órfãos, as viúvas, os aleijados. Ele se lembrou deles durante seus banquetes e enviou-lhes vagões contendo comida e outros suprimentos necessários.

Em seus banquetes não haviam assuntos estranhos, mas alegria, comunhão fraterna. Em todos os aspectos da vida, ele mostrou-se um cristão, agora o Príncipe Vladimir, o Belo Sol, tanto em sua vida pessoal quanto familiar, na sociedade e como um  chefe de Estado. Conhecendo a verdade, ele serviu com todo seu coração, espalhando a luz onde quer que fosse possível. Ele era a personificação dos ensinamentos de Cristo, servindo de exemplo para que outros o imitassem. É por isso que os ortodoxos se espalham tão rapidamente e com uma profunda devoção em toda a vida vida russa. O Príncipe chamou a atenção de todos com seu próprio "podvig". Ele era o conquistador de si mesmo, por isso ele governou os outros, pregando a palavra de Cristo com suas ações em todas as esferas da vida. Ele serviu o verdadeiro Deus como pessoa, como chefe de sua casa, como comandante, como juiz, como governante e monarca. Ele sempre foi, posteriormente, um servo da Verdade, esforçando-se para velar para que ela reinasse em todos os lugares.

Ele entendeu profundamente que "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." (Filipenses 4:8). Esta deve ser a base da vida para cada pessoa e para todo um povo. Por esta razão, ele não separou uma coisa da outra e, o que ele mostrava em sua vida pessoal, também manifestava em seus assuntos civis.

O novo espírito de totalidade e unidade em todos os aspectos da vida e da manifestação da verdade em tudo foi o que São Vladimir exibiu em si mesmo e o transmitiu ao povo russo. Ele é o iluminador e batista, monarca e apóstolo, comandante e professor, unificador e preservador. Seus melhores sucessores seguiram sua liderança, e não é por acaso que foi no dia de sua festa que a Batalha de Neva foi conquistada pelo Grande e Santo Príncipe Alexandr [Nevsky], em quem vemos a imagem espiritual de seu antepassado apostólico.

O serviço a Deus iniciado por São Vladimir na terra, continua mesmo agora no Trono do Todo-Poderoso, pois ele continua a rezar pela terra russa que ele iluminou e santificou; ele brilha com a luz celestial, guiando o povo russo pela Verdade.


Tradução: Felipe Rotta